segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Meme: 10 coisas que eu odeio no RPG (ou pq as mulheres fogem dele)

Hoje, passeando pelo Lote do Betão, dei de cara com um texto super maneiro sobre o fato de poucas mulheres jogarem RPG ao lado de indivíduos do sexo masculino...

Então, resolvi seguir a sua idéia e criar este Meme.


Pq ñ? Elas também podem!



Então vamos lá!


Regras:




1) Publique 10 motivos que levam as mulheres a fugir das mesas de RPG.



2) Diga quem te indicou;



3) Indique um blog para seguir com o Meme;



4) E mais importante, tente trazer mais jogadoras para as mesas de RPG...



Os 10 motivos...



1. RPGistas tendem a de vez em quando serem preconceituosos com a figura feminina... Mulheres em mesas de jogo geralmente são: magas-cdfs, feiticeiras-bardas-gostosas ou clérigas enclausuradas. Cadê o background da guerreira fodona? E o histórico?


2. Continuando o item 1... quantas npcs anãs vc encontrou em uma campanha? E as orcs? As goblins? Pq só aparecem humanas, elfas e meio-elfas gostosas? Desconsidere aquele preconceito de que se a raça tem redutor de carisma, não existem contrapartes femininas que a representem.


3. Mulher é, geralmente, novidade em mesas de jogos. Acontece com os jogadores como descrito na figura:



Parece que 90% dos caras seca a garota! Coitada... Assim, é claro que ela fugirá!


4. Como já citado no Lote do Betão: o odor, proveniente da falta de banho, falta de escovação dentária, flatulência, falta de OMO nas roupas...
Nenhuma mulher quer uma lixeira ao seu lado...

5. Depois delas queimarem os sutiãs (brincadeira, meninas) vocês, caras ,ainda querem bancar os superprotetores? Elas tem lá suas milhares de qualidades... E muitas vezes é a mulher que salva a pela de todos... Vide Conan!

6. Uma das personagens mais cativantes e fortes que eu já encontrei em um cenário foi a Lady Shivara, de Tormenta. Desde quando as mulheres são donzelas para serem resgatadas? Fala sério, não é? Que mulher se identifica com uma história dessas?

7. Por cargas d'água, dizer que a série Crepúsculo é Emo, ou que Harry Potter é para crianaças ou O Curioso Caso de Benjamin Button é sentimental demais perto de uma garota é pedir para que ela saia de perto de você...

8. Ah, elas são mulheres, não seres sanguinolentos, motivados pela destruição suprema. Guardem o Book of Vile Darkness para depois e peguem leve nas primeiras partidas ou a excelente fama do RPG aumenta ainda mais...

9. Elas adoram histórias. Gostam mesmo de background, fantasia, ganchos e coisas do gênero. Respeite e quem sabe você não se diverte também?

10. Exaltar suas curvas é idiotice. "O gostosa", "mina", "gata", "princesa" e semelhantes não são o nome ou apelido dela. Isso espanta, peloamordedeus, controlem seus hormônios!



E o meu indicado é o Pergaminhos Dourados!





Meme: Olha que Blog Maneiro!

Bem, o Gaias Priest acaba de ser indicado no Meme Olha que Blog Maneiro pelo Pergaminhos Dourados. Notícia mais cool? Impossível! Para continuar o processo, lá vamos nós com os indicados!


As regras são:


1- Exiba a imagem do selo “Olha Que Blog Maneiro” Que vc acabou de ganhar!!!

2- Poste o link do blog que te indicou.

3- Indique 10 blogs de sua preferência:

Pergaminhos Dourados

www.dot20.com.br

http://newtonrocha.wordpress.com/

http://pensotopia.wordpress.com/

Lote do Betão

http://www.amatilha.com.br/blog/

http://doutorcarecalab.blogspot.com/

http://vorpal.valinor.com.br

http://www.popdice.com.br/

http://www.inominattus.com


4- Avise seus indicados;


5- Publique as regras;

6- Confira se os blogs indicados repassaram o selo e as regras;

7- Envie sua foto ou de um(a) amigo(a) para olhaquemaneiro@gmail.com juntamente com os 10 links dos blogs indicados para verificação. Caso os blogs tenham repassado o selo e as regras corretamente, dentro de alguns dias você receberá 1 caricatura em P&B.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Nova Raça: Raja'as

“Quando aquela forasteira passou pelas ruas, era impossível resistir a seus encantos. Homens lhe ofertavam presentes, estendiam-lhe as mãos para tocar em seus cabelos ou corriam para sentir seu perfume: um aroma de mil rosas combinadas. Sua pele morena parecia ser queimada pelo sol, mas nem um pouco castigada: era tão macia quanto o véu de seda que lhe cobria a face. Seus olhos cor de mel rivalizavam com as maiores gemas que os mercadores tinham em seus estoques. Seus gestos leves e sutis. E parecia que um vento soprava sempre sobre ela. Mas o seu destino não era com nenhum pretendente dali: ela caminhava rumo ao castelo do lorde Rakatiz, um dos maiores tiranos de todos os reinos. Ela o seduziria e depois o mataria, porque a noite já estava chegando e se ela não fizesse isso sofreria as conseqüências.”

Os sultões e seus guerreiros do deserto contam histórias de um país perdido, de uma raça que até pouco tempo os favorecia e os inspiravam nas ciências, na arte e na magia: era a raça perdida dos Raja’as, os irmãos dos gênios, lordes do maior oásis jamais concebido pela imaginação de qualquer criatura.
Seres míticos do deserto, possibilitaram aos sultões o acesso às maiores culturas: matemática, física, astronomia, medicina, arquitetura, magia. Não o faziam por serem sábios. Sábio era o seu Deus, de nome impronunciável que lhes dotou com a Arte. Eles eram belos, tinham magia e inspiravam. Os outros povos criavam maravilhas somente por estarem perto. Há quem diga que eles eram irmãos dos gênios e não há fato que desminta este saber. Pois os gênios não foram criados pela magia ou por seus deuses. Foram criados pelo poder maior das areias e dos oásis.
Os Raja’as possuem uma beleza sobrenatural e o que eles chamam de A Arte. Eles seduzem, encantam para que os outros povos evoluam. Mas também quiseram crescer e a ambição tomou conta de todos, a ponto de travarem uma guerra contra seu Deus. Seduziram povos e os conduziram neste evento épico, até que um de seus heróis conseguiu feri-Lo. E nem todos os sábios do mundo saberiam qual o resultado da morte de um Ser Maior. A partir daquele dia souberam. Em um ato de bondade e justiça absolutas, O Deus, antes de morrer destruiu o Oásis e preservou a vida de todos os seus habitantes. E eles foram enviados para diversos cantos do multiverso com a maldição de nunca se contentarem com nada.
Ainda conservando suas habilidades na Arte, os Raja’as são sedutores ao extremo. Tem pele morena e olhos castanho claros. Assim como seus olhos, seus cabelos parecem ter a cor de mel. E carregam consigo perfumes agradabilíssimos. Desta maneira são grandes conquistadores, embaixadores e políticos. Mas carregam consigo duas maldições. Parece que nada os detêm quanto a sede de seduzir. Eles não conseguem se controlar durante o dia, tendo vários companheiros (as) simplesmente por conquistá-los. São os maiores galanteadores dos reinos. Nada nem ninguém resiste. Grandes bardos, feiticeiros, ladinos e aventureiros de capa e espada. Mas à noite são atormentados pelos pesadelos da época em que destruíram uma entidade de enorme bondade. E são compelidos –parte por maldição, parte por remorso – a ajudar, se tornam justiceiros sem nome, agindo das mais diversas (e obscuras formas de combater a criminalidade (ou o que eles consideram errado): são compelidos pelo chamado ao dever. Alguns usam da magia que lhes era própria, de talentos gatunos, de intimidação,... Muitos – quase todos – utilizam armas de fogo que ajudaram a construir (pistolas e mosquetes), além das tradicionais cimitarras.

Características Raciais:

+ 4 em Carisma, +2 em Destreza, - 2 em Inteligência, - 2 em Sabedoria: Raja’as são carismáticos e sutis, porém não tão inteligentes e prudentes.
- Quando utilizam cimitarras, sofrem dos mesmos benefícios do talento Acuidade com Arma, sem precisar tê-lo.
+2 em Blefar, Obter Informação e Diplomacia.
+1 de nível de conjurador em magias de Encantamento.
Compulsão: durante o dia, Raja’as sentem uma grande vontade de seduzir, encantar e incentivar, o que lhes pode ser prejudicial (-1 em todas as jogadas quando não fazem isso de dia).
Senso de justiça: À noite, seus pesadelos os obrigam a realizar pelo menos uma ação que o Raja’a considere justa: um pedido de socorro jamais deve ser ignorado, o mal deve sempre ser combatido. Em termos de jogo, quando não está realizando algo “justo” durante a noite, o Raja’a sofre -1 de penalidade em todas as suas jogadas. Quando recusa um pedido de socorro de uma criatura sofre -1 cumulativo.
Classe favorecida: Feiticeiros e Bardos (durante a criação do personagem, o Raja’a deve escolher uma).

Novos Talentos:

Mestre das Sombras
Pré Requisitos: Raja’a
À noite o Raja’a ganha um bônus de + 2 em Furtividade, Intimidar e Esconder.

Senhor das Sombras
Pré-requisitos:
Raja’a, talento Mestre das Sombras
Benefício: Os bônus do talento mestre das sombras sofrem um modificador de + 2.

Lorde das Sombras
Pré Requisitos: Raja’a, Senhor das Sombras
Benefícios: As perícias beneficiadas em Senhor das Sombras ganham um modificador + 2.

Visão na Penumbra
Pré- Requisitos: Raja’a

Vingador
Pré-requisitos: Usar arma exótica (armas de fogo), Raja’a
Benefício: O personagem recebe um modificador +2 em jogadas de ataque e dano com pistolas ou mosquetes (escolha uma). Esse talento pode ser comprado até três vezes, seus efeitos se acumulam.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Árida Esperança - Parte 2

Desconfiado, mas impulsionado por uma súbita fagulha de esperança, Ian esperou três dias, o suficiente para o homem se recobrar completamente. E destacou cinco homens, dentre os quais eu, para acompanhá-lo em sua louca jornada. Todos éramos verdes, sabíamos apenas roubar, atacar acertando alguns golpes, e temíamos, tínhamos medo de tudo que era desconhecido. Ainda assim, cada um levou consigo um facão, uma lança, um cantil e alguns parcos suprimentos. Rumo a um improvável destino.
Saímos da caverna e a lua grande como sempre, nos iluminava. Quando víamos que começava a clarear, procurávamos um abrigo para descansarmos. Até que na quarta noite paramos enfim em uma imensa caverna.
- Homens, vocês hoje aprenderão a não mais tremerem tanto a cada barulho. Teremos de caminhar mais durante algumas horas, e isso implica em enfrentar o sol. – era o velho – Temos de buscar comida ou morreremos de fome e sede, porque nossos cantis já estão vazios.
E aprendemos como fazer isso. Durante a noite inteira, o velho se guiou com algo que retirara de seus farrapos, tão duro como uma pedra, mas que ele disse que há um bom tempo, aquilo fazia parte de um grande vegetal. Ele o chamava de galho. Passados uns instantes, o tal galho começou a tremer um pouco, podíamos vê-lo aproximando um pouco as tochas. E o velho mandou que cavássemos. E assim fizemos, durante horas e horas. Já tínhamos perdido a noção de quanto tempo estávamos naquela caverna. Mas quando o primeiro de nós desmaiou de cansaço, nossas mãos começaram a ficar úmidas, até que bem suave, começou a brotar água do chão. Um milagre!
- Agora tratem de encher seus cantis. Bebam, molhem-se, porque surgirá ainda mais água.
E assim foi. Se em nossas vidas sentimos algo tão bom quanto aquilo, jamais demonstramos tamanho sentimento uns para os outros. Mas tudo foi interrompido por um ganido. E outro, e outro. A caverna começou a encher-se de sons que conhecíamos como sendo dos predadores da noite.
- Homens, peguem suas lanças. Esperem que eles apareçam.
Todos tremiam, suavam, alguns chegaram a chorar. Confrontariam sua morte, perderiam o quase nada que possuíam. E os sons se aproximavam. Agora mais intensos e rápidos. Eram altos, ensurdecedores. Um dos nossos caiu de joelhos tampando os ouvidos.
Então se aproximaram, em velocidade alucinada. E as tochas que havíamos largado no chão começaram as mostrar suas sombras. Pudemos vê-los de relance. Seria difícil descrevê-los, já que nunca vimos algo parecido, mas eram menores do que nós. E bem diferentes. Andavam sobre seus quatro membros. Possuíam uma pele bem diferente da nossa. Ela era coberta por algo acinzentado. E tinham enormes dentes.
- Lanças! Lanças! Apontem-nas para frente e enfiem em suas bocas, suas caras, lutem! Lutem!
Minha lança perfurou o primeiro deles, foi em cheio em sua boca, atravessando a cabeça. Ele caiu morto no chão. Outras acertaram. Aquele que tinha se ajoelhado e largado sua arma era atacado por um, enquanto inutilmente buscava seu facão. O velho conseguiu pegar a lança caída e arremessá-la em um dos inimigos. Ao fim, matamos os que sobraram.
- Eram seis, disse o velho. Agora poderemos ter uma refeição de verdade. Vamos, eu os ensinarei a cortar e a aproveitar a carne e a gordura, vamos!
E cortamos, fatiamos, fizemos uma fogueira, fizemos algo estranho que o velho chamava de cozinhar, em um recipiente que ele trazia consigo: água, carne e gordura. O cheiro era agradável demais. E comemos e bebemos como nunca. Descansamos até que ele nos acordou para prosseguirmos viagem. Ele já tinha guardado vários pedaços de carne em um emaranhado de panos que trazia consigo. Disse que a conservaria com um pó branco: sal.
Mas quando saímos da caverna, o sol tinha nascido, mas ele disse para não temermos, pois somente depois de algum tempo é que ele começava a queimar mesmo. Em um tempo de viagem naquele terreno estranho, encontramos uma passagem.

XXX

Seguimos já exaustos pelo calor, mas naquela passagem o sol não atingia, parecia uma caverna, mas na verdade era uma construção. Paramos, comemos e bebemos e depois de descansar um pouco, caminhamos mais e encontramos o fim daquele corredor imenso. No outro lugar – um imenso corredor mais uma vez – tinham vários objetos, onde podia-se ler “estação” “sentido” “metrô”. E no chão havia algo que o velho chamou de trilhos e caminhamos até uma coisa enorme, uma imensa máquina, onde poderíamos subir. Ele andou sozinho até outro lugar e sumiu de nossas vistas. Um barulho estranho surgiu da máquina e nos assustamos, até que ele apareceu.
- Geradores, nunca imaginei que ainda funcionassem, vamos!
E subimos na máquina e ela começou a andar sozinha, percorrendo grandes caminhos. E saímos do corredor e passamos a vislumbrar outros lugares, desconhecidos até então. E a máquina parou, descemos e vimos ruínas e mais ruínas. Um barulho nos conduziu a um rio que terminava em uma outra construção. Quando entramos, ouvimos o barulho mais assustador de nossas vidas. Com o chão tremendo e rachando cada vez mais rápido, pegamos nossas lanças e tentamos nos equilibrar.
- Isso era um imenso laboratório, um lugar onde as pessoas pesquisavam e construíam ciências. Não é de se admirar que algo tenha fugido de controle – disse o velho.
Quebrando as paredes, algo puxou a perna de um de meus companheiros, arrastando-o pelo chão, entre gritos. Até que eles cessaram. Estava morto.
- Tentáculos! Nunca vi algo com tentáculos tão grandes. Vamos garotos, corram, corram!
Um dos nossos atirou uma lança contra o inimigo – e errou. Aquilo que havia puxado o outro deu-lhe uma imensa pancada, de cima para baixo e ouvimos o som de muita coisa se quebrando.
A nossa frente, víamos alguns objetos estranhos – tecnológicos – em alguns compartimentos. E lá estava escrito “granada de hidrogênio”. Então o que temíamos aconteceu. A criatura quebrou as paredes e se libertou por completo. Era imensa, negra como a noite e de sua boca surgiam membros incompreensíveis. Seus olhos ardiam de um vermelho furioso.
E ela provou sua força ao matar meu último companheiro de tribo e com um de seus membros fez quebrar com movimentos impossíveis algo no corpo do velho.
- Pegue uma daquelas – disse com a voz esganiçada, apontando para os aparatos tecnológicos – aperte e jogue na criatura. Depois você terá de correr e muito, pois tudo isso explodirá. Vá!
E assim, o velho tombou e teve fim a sua existência. Corri e me joguei, fugindo dos membros para encontrar o objeto da morte. Esperei um instante apropriado, apertei algo circular e vermelho que havia nele, e joguei com toda a força. A criatura pegou-o e o engoliu. Corri, extrapolando todas as minhas forças. E me joguei de um buraco. A dor que senti em minhas pernas foi superada pelo barulho da destruição. O calor era imenso e algo como um fogo invisível varria tudo. A criatura tornou-se um emaranhado de cinzas e vermelho. Não havia mais prédio. Só uma sala estava intacta. Quando senti o calor diminuir, caminhei com dificuldade até ela. Uma entrada onde se lia vagamente “chumbo” abriu sozinha e quando entrei me deparei com aquilo que todos buscavam por décadas: um livro.
Em sua capa se lia: Manual de Sobrevivência. E lá falava de tudo, coisas como átomos, sol, primeiros socorros, corpo humano, tecnologia, como o ser humano havia provocado tamanha destruição na Terra, calor, Gaia e como não repetir todos os erros do passado. Mas ele não podia ser movido, de tão pesado que era. Pensei na tribo, pensei na vida que havia levado. Pensei no velho e como havíamos imaginado que ele era um dos Mestres. Na verdade não havia terra verde, havia apenas a esperança de encontrar O Livro. Ele, treinado por algum sábio, havia nos enganado. Mas pelo menos, alguém havia se beneficiado. E vi que era um caminho sem volta. Não havia mais como retornar a tribo. Não havia como recuperar a vida de meus companheiros. Não veria de novo Ian, ou minha família. Apenas o conhecimento. Decidi seguir a vontade de meus antepassados e ler. Se não havia esperança, ao menos alguém poderia criar alguma. E ali fiquei lendo e lendo e lendo...

XXX

Árida Esperança - Parte 1

Poucos conseguem descrever o ambiente de gerações anteriores. Mitos, no entanto se formam, enquanto crianças se reúnem: épocas em que o mundo era verde, com tantas espécies de animais que eram muitos os homens que os criavam em casa. Criar animais! Como parece tolo o meu avô quando nos conta que há uns bons anos, sua geração comia carne, vegetais, nada de alimentos sintetizados, que hoje lutamos para roubar das fábricas. Uma época em que o sol não era tão quente e que existiam regiões frias a ponto de serem tomadas por camadas de água em estado sólido – o que particularmente nenhum de nós viu.
Ao olhar para minha tribo fico desolado, todos sem esperanças de um amanhã. Vivemos em breus imensos, já que nossas últimas fontes de energia foram explodidas em ataques terroristas. Países encontraram seu fim a fogo e água. Tudo o que temos demais. Vivemos em ilhas, a quantidade de água é imensa, mas apenas uma pequena parte dela pode ser consumida. O restante mata quando ingerida. Vários morreram desesperados.
À noite, as atividades começam, as mulheres tentam cuidar de seus filhos, ensinar-lhes, junto dos velhos a ler e a escrever (talvez uma das poucas habilidades que conservamos do passado), construir nossos barcos e nós homens vamos ao que chamamos de caça. Claro que não caçamos animais propriamente ditos, mas saqueamos os poucos que ainda conseguem sintetizar os alimentos. Tudo durante a noite. Porque de dia, o calor mata. Em nossas ilhas, dormimos em cavernas, para nos abrigar do sol. E nos acostumamos ao escuro, não que isso nos agrade, apenas é assim.
Os velhos sempre choram dizendo que foram os responsáveis por isso. E que seus pais não apenas construíram esta situação como ajudaram a destruir o mundo que conheceram. Já me falaram de uma tal Bíblia, um livro que era sagrado, com seu Paraíso, Purgatório e Inferno. Dos três, vivemos no último e não temos a mínima esperança de conhecermos algo tão agradável quanto um Purgatório. Vivemos fugindo das chamas e das enchentes tóxicas e a noite trás predadores desagradáveis. O que fazemos? Fugimos de caverna em caverna? Toda ilha tem um líder, então não podemos simplesmente pegar os barcos, as mulheres, os velhos e as crianças e nos instalarmos em outras. Travamos guerras para ocupar um lugar diferente. E nossos espaços de terra são cada vez menores.
Quem já guerreou sabe que em cada terra vizinha há um pedaço de civilização perdida. Línguas distantes, templos, aparelhos gigantescos, aquilo que os velhos chamam de fábricas. Mas tudo em frangalhos. As poucas “fábricas” são as responsáveis pela alimentação dos mais poderosos. De uma forma que só eles conhecem, retiram parte de determinados líquidos e rochas e os combinam para produzir alimentos, é o que chamam de sintetizar. E nós os roubamos. Roubamos ou morremos de fome.

XXX

Esta noite, quando todos despertavam para seus afazeres, tivemos uma surpresa. Um ser em estado deplorável, chegou a nossa ilha de balsa, daquelas com pedaços de pano que o vento impulsiona para poupar sua tripulação do trabalho de remar. Com um cheiro mais desagradável do que o da água em que navegava, chegou a nós. Estendendo a mão, não conseguiu mais do que um passo vacilante, um tombo e uma queda. Desacordado.
Tratamos de arrastá-lo para o chefe, um homem forte, sábio e hábil. Ian pediu que o colocássemos deitado e começou a esquentar em um recipiente farelos de uma rocha vermelha e água potável. Logo começou a surgir uma breve fumaça, que ele aproximou do nariz do estrangeiro.
Com tosses violentas ele começou a despertar e seus sentidos ao poucos foram se recobrando. Olhou para todos com um semblante assustado e começou a balbuciar algo incompreensível e a agarrar terra, como se isto pudesse salvá-lo.
Colocamos, como de costume, algumas tochas fincadas no chão e trouxemos as lanças para perto de nós. Afinal, não sabíamos o que ele poderia trazer.
- Água, por favor – sussurrou o homem.
Ian deixou cair algumas gotas em sua boca, e depois despejou um pouco mais. Ninguém o questionava, ele era o líder.
- O que te traz a terra estrangeira, velho? – era Ian.
- Vim em busca da rota do Livro – todos emudeceram. O Livro, como era conhecido por todas as tribos, era um compêndio realizado pelos antigos com o fim de orientar as gerações futuras. Todo o conhecimento do passado, toda a tecnologia que hoje vemos perdida estava lá. Mas dos poucos que tinham acesso a esse mito, um menor número tinha coragem de lê-lo. E quem o fazia, tornava-se poderoso. Um lorde em qualquer terra, era aquele com o passe livre em todos os lugares. Todos o respeitavam, todos o temiam.
- Um dos Mestres nos visita, então, o que podemos fazer para ajudá-lo? Sacrificar nossos homens, entregar-lhe as crianças, desonrar nossas mulheres? – poucos já tinha m visto esta face de Ian, mas quando se tratava de alguém que julgava ter poder, ele o enfrentava.
- Deixe de asneiras, homem – as mulheres enrubesceram – quero apenas seguir viagem. O Livro aponta esta ilha como uma possível rota para um local com Vida. Entende? Vegetais, animais, alimento de verdade?
- Isso é impossível, todos sabemos que é inviável, ainda mais em nossas terras.
- Não em suas terras, mas por aqui há um caminho, sei que há. Vocês são tolos porque temem e não atravessam um milímetro que não faça parte deste oceano pútrido. As terras me esperam. Dizem que lá ainda tem um pouco de gelo, água sólida, sabe? Dizem que os homens criaram um aparelho que joga sedimentos no ar e eles refletem um pouco o calor do sol. Talvez o único que reste neste caos que vocês chamam de mundo. Um Oásis, como dizem os velhos.

XXX

Nascendo hoje!

Bem, minha gente, finalmente tive tempo de criar um Blog... Aqui publicaremos assuntos relacionados ao RPG, contos, críticas, resenhas, enfim, uma série de artigos interessantes para o leitor aficionado por roleplay, sci-fi e fantasia medieval e é claro, a tão bem vinda Weird Fantasy!
Rolem os dados que a ação vai começar (aff, já estreiando no blog algo bem clichê...)!